Arquivos pessoais e patrimônio: a Declaração de Interesse Público e Social como instrumento de patrimonialização de arquivos

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Palavras-chave:

Arquivos Pessoais, Patrimônio, Declaração de Interesse Público e Social, Conselho Nacional de Arquivos

Resumo

A Declaração de Interesse Público e Social, prevista pela Lei nº 8.159 de 8 janeiro de 1991 e regulamentada pelos Decretos nº 4.073 de 3 de janeiro de 2002 e Decreto nº 10.148 de 2 de dezembro de 2019, destaca-se como um importante instrumento de preservação dos arquivos pessoais no Brasil. Não obstante a relevância do dispositivo no contexto brasileiro, sua aplicação suscita questões conceituais e práticas relativas à preservação do patrimônio arquivístico. A partir da análise da bibliografia e da legislação, bem como dos pareceres emitidos pela Comissão Técnica de Avaliação do Conselho Nacional de Arquivos, são analisados os critérios que presidiram a avaliação do interesse público e social dos arquivos pessoais, realizada entre os anos de 2004 a 2016. A partir dos resultados obtidos, constata-se que, além das dificuldades advindas da relação existente entre os acervos arquivísticos, bibliográficos e museológicos expressas nos pareceres, as avaliações ainda se fundamentam em uma concepção de “valor nacional” que orbita em torno de grandes personagens e temas gerais.

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Biografia do Autor

Renato de Mattos, Universidade Federal Fluminense

Professor do curso de graduação em Arquivologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da mesma universidade. Doutor (2015) em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Tem experiência na área de Arquivologia, com ênfase nos seguintes temas: Arquivos Pessoais e Arquivos Permanentes. Coordenou o projeto Acervo Documental da Secretaria do Patrimônio da União (SPU/RJ) do Rio de Janeiro (SPU/RJ), cooperação interinstitucional entre a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Superintendência do Patrimônio da União do Rio de Janeiro (SPU/RJ), vinculada ao Programa de Modernização e Gestão do Patrimônio Imobiliário da União do Ministério da Economia e financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Atuou na organização da documentação custodiada pela Fundação Fernando Henrique Cardoso (FFHC) e na elaboração de instrumentos de pesquisa da Fundação Mario Covas

Juliana Maia Mendes, Universidade Federal Fluminense

Bacharel em Arquivologia (2021) pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e  História (2016) pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. (UFRN).  Atua na Coordenação de Informação e Pesquisa da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

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Publicado

2021-08-13

Como Citar

de Mattos, R., & Maia Mendes, J. . (2021). Arquivos pessoais e patrimônio: a Declaração de Interesse Público e Social como instrumento de patrimonialização de arquivos. ÁGORA: Arquivologia Em Debate, 31(63), 1–21. Recuperado de https://agora.emnuvens.com.br/ra/article/view/1032

Edição

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Artigos