O contraste entre a oralidade e a escrita nos terreiros de candomblé: os cadernos de fundamentos como parte da memória de uma religião
Palavras-chave:
Memória, Memória oral, Candomblé, Cadernos de fundamentos, Registros escritos.Resumo
No candomblé, religião com grande influência da herança do continente africano, a tradição oral esteve presente desde os primórdios da sua criação e é latente até a atualidade. Contrastando com a oralidade, encontra-se nos espaços religiosos e utilizados por seus adeptos os cadernos de fundamentos, objetos de estudo deste artigo, onde são analisadas seus usos e particularidades. Ao abordar as etnografias, Araújo e Lima (2018), Castillo (2010) foram cruciais para definir e conceituar a respeito dos registros da religião afro-brasileira. O ponto de início foi pesquisar a memória dos grupos religiosos, como as tradições orais e escritas e, posteriormente, analisar o contexto histórico do culto brasileiro, em particular no Rio de Janeiro. O cerne da pesquisa estava em abordar o uso e a produção destes documentos no contexto da Ciência da Informação. A metodologia qualitativa foi utilizada pelo uso de fontes bibliográficas. Conclui-se que a utilização de registros escritos, aliados à oralidade, fazem parte da história da religião, na qual o fator oralidade sempre será o mais importante.
Downloads
Referências
ANDRADE, L. L. de. Da tradição oral à escrita: cultura, resistência e cadernos de fundamentos. Ideias e Inovação: Lato Sensu, [S. l.], v. 3, n. 3, p. 37, 2017. Disponível em: https://periodicos.set.edu.br/ideiaseinovacao/article/view/4368.
ARTIÈRES, Philippe. Arquivar a própria vida. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV), v. 11, n. 21, p. 9-34, 1998.
BASTIDE, Roger. O Candomblé da Bahia: rito Nagô. São Paulo: Companhia das Letras, 1961.
BRASIL. Código Penal de 1890. Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/D847.htmimpressao.htm.
BRASIL. Constituição (1824). Constituição Política do Império do Brazil, de 25 de março de 1824. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm.
CASTILLO, Lisa Earl. Entre a oralidade e a escrita: a etnografia nos candomblés da Bahia. Salvador: EDUFBA, 2010.
CONDURU, R. Das casas às roças: comunidades de candomblé no Rio de Janeiro desde o fim do século XIX. Scielo Brasil, Rio de Janeiro, v. 11, n. 21, p. 178-203, jul./dez. 2010.
DIAS, Cora. Retratos - Saravá! Candomblé é patrimônio nacional. Revista Desafios do Desenvolvimento, Brasília, v. 8, 67 ed., 2011.
ECO, Umberto. A memória vegetal: e outros escritos sobre bibliofilia. Rio de Janeiro: Record, 2010.
ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Projeto de Lei nº 2303/2009. Declara o Candomblé como patrimônio imaterial do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2009.
ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Lei Estadual nº 5.506, de 15 de julho de 2009. Declara o candomblé como patrimônio imaterial do estado do Rio de Janeiro. Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 16 jul. 2009.
FREITAS, R. O. Candomblé e mídia: breve histórico da tecnologização das religiões afro-brasileiras nos e pelos meios de comunicação. Acervo: Revista do Arquivo Nacional, v. 16, n. 2, p. 63-88, 2003.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. 6. ed. Curitiba: Positivo, 2005.
FUNDAMENTO. In: MICHAELIS Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Melhoramentos, 2015. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/fundamento/.
BÂ, Hampaté A. A tradição viva. In: KI-ZERBO, J. História Geral da África: metodologia e pré-história da África. São Paulo: UNESCO, 1982.
IPHAN. Ministério da Cultura. Preservação de bens afrodescendentes: terreiros tombados. Brasília, DF: IPHAN, 2014. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/1312/#:~:text=Os%20terreiros%20abrigam%20um%20universo,as%20mem%C3%B3rias%20ancestrais%20dos%20africanos.
JARDIM, J. M. A invenção da memória nos arquivos públicos. Ciência da Informação, [S. l.], v. 25, n. 2, 1996. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/659.
KONRAD, Glaucia Vieira Ramos, MERLO, Franciele. Documento, história e memória: a importância da preservação do patrimônio documental para o acesso à informação. Informação & Informação, Londrina, v. 20, n. 1, p. 26 - 42, jan./abr. 2015.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Unicamp, 1990.
LIMA, A.; ARAUJO, L. Caderno de fundamentos: arquivos do sagrado e dos segredos. Boitatá, [S. l.], v. 13, n. 25, p. 187–202, 2018. DOI: 10.5433/boitata.2018v13.e35136. Disponível em: www.uel.br/revistas/uel/index.php/boitata/article/view/35136/0.
LIMA, Valdir. Cultos afro-paraibanos: jurema, umbanda e candomblé. Rio de Janeiro: Fundamentos de Axé, 1. ed., 2020.
MAZRUI, Ali A. Arquivos africanos e a tradição oral. O Correio da UNESCO, v. 13, n. 4, p. 13-15, abr. 1985.
NORA, Pierre. Entre memória e História: a problemática dos lugares. In: Projeto História. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História e do Departamento de História da PUC – S.P. São Paulo, 1981.
OLIVEIRA, O. L. O léxico da língua de santo: a língua do povo de santo em terreiros de candomblé de Rio Branco, Acre. Rio Branco: Edufac, 2019.
POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, 1992, p. 200-212.
POMIAN, K. Memória. In: ENCICLOPÉDIA Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional, Casa da Moeda, 2000. v. 42, p. 507-516.
PORTELLA, Rodrigo. Memória, indivíduo e religião: pressupostos para a pesquisa sobre religião no tempo presente. REVER : Revista de Estudos da Religião, v. 18, p. 195-208, 2018.
PRANDI, Reginaldo. O candomblé e o tempo: concepções de tempo, saber e autoridade da África para as religiões afro-brasileiras. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 16, n. 47, p. 43-58, out. 2001.
SERAFIM, V. F.; SANTOS, T. B. João do Rio e a história das religiões afro-brasileiras. Mouseion: Revista do Museu e Arquivo Histórico La Salle, ano 8, v. 17, n. 1. 2014.
SILVA, Vagner Gonçalves de. A questão do segredo no candomblé. Revista de História, São Paulo, v., p. 1-2, jun. 2011. Disponível em: https://antropologia.fflch.usp.br/files/u127/segredo.pdf.
SILVA, Vagner Gonçalves de. Orixás da metrópole. In: SILVA, Vagner Gonçalves de. O candomblé no mundo da escrita. Petrópolis: Vozes, 1995. p. 244-287.
SILVA, Vagner Gonçalves. O terreiro e a cidade nas etnografias afro-brasileiras. Revista de Antropologia, FFLCH/USP, n.36, p. 33-79, 1993.
SOUZA NETO, A. DE; AMARAL, P. L. Os Imponderáveis da etnografia religiosa: uma análise sobre o trabalho etnográfico no campo da religião. Mneme: Revista de Humanidades, v. 12, n. 29, 5 ago. 2011.
VANSINA, Jan. A tradição oral e sua metodologia. In: História geral da África. São Paulo: Ática, Paris: UNESCO, 1982, v. 1
VERGER, Pierre Fatumbi. Ewe: o uso das plantas na sociedade iorubá. Companhia de Letras, São Paulo, 1995.
VERGER, Pierre. Notas sobre o culto aos orixás e voduns na Bahia de Todos os Santos, no Brasil e na Antiga Costa dos Escravos, na África. Tradução de Carlos Eugênio Marcondes de Moura. 2. ed., 1. reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Fernando Corteze, Carlos Henrique Juvêncio
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o artigo submetido é original, não tendo sido encaminhado à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou em sua totalidade.
Declaro, ainda, que uma vez publicado na Ágora - ISSN 0103-3557, Florianópolis, Brasil , editada pelo Curso de Graduação em Arquivologia da Universidade Federal de Santa Catarina, o mesmo não será submetido por mim ou por qualquer um dos demais co-autores a qualquer outro periódico. Através deste instrumento, em meu nome e em nome dos demais co-autores, porventura existentes, cedo os direitos autorais do referido artigo à ÁGORA: Arquivologia em debate e declaro estar ciente de que a não observância deste compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorias (Nº9610, de 19/02/1998).
Esta revista proporciona acesso público a todo seu conteúdo, seguindo o princípio de que tornar gratuito o acesso a pesquisas gera um maior intercâmbio global de conhecimento. Tal acesso está associado a um crescimento da leitura e citação do trabalho de um autor.
Para maiores informações sobre esta abordagem, visite Public Knowledge Project, projeto que desenvolveu este sistema para melhorar a qualidade acadêmica e pública da pesquisa, distribuindo o OJS, assim como outros software de apoio ao sistema de publicação de acesso público a fontes acadêmicas.
Os nomes e endereços de e-mail neste site serão usados exclusivamente para os propósitos da revista, não estando disponíveis para outros fins.
This journal provides open access to all of it content on the principle that making research freely available to the public supports a greater global exchange of knowledge. Such access is associated with increased readership and increased citation of an author's work. For more information on this approach, see the Public Knowledge Project, which has designed this system to improve the scholarly and public quality of research, and which freely distributes the journal system as well as other software to support the open access publishing of scholarly resources. The names and email addresses entered in this journal site will be used exclusively for the stated purposes of this journal and will not be made available for any other purpose or to any other party.
Ágora, ISSN 0103-3557, está licenciada sob uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License.